Textos de Opinião

Transmutação nos cumes da Atlântida

Ricardo Machado

Espiritualidade é um vocábulo que nos transporta, como reflexo da religiosidade impressa na matriz cultural de qualquer país, para um mundo sobrenatural, altamente subjetivo e considerado impossível de medir e, por isso, de difícil implementação. Porém, a espiritualidade secular e práticas associadas assentam, sobretudo, em viver uma vida com significado.

Participamos todos, de forma direta ou por proximidade, numa tendência crescente no mundo ocidental, que baseia a busca pela felicidade, na combinação do hedonismo epicuriano e eudemonismo aristoteliano. Os homens e mulheres modernos são, numa apropriação livre das palavras de Osho, uma combinação indissociável de Zorba (material) com Buddha (espiritual). A satisfação da valência espiritual humana consolida-se, deste modo, no cotidiano, fugindo à ortodoxia religiosa e clivagem cartesiana, e alicerçada no materialismo moderado. A busca por essa satisfação leva-nos a explorar e combinar, práticas milenares como meditação, ioga, rituais xamânicos, entre outras, catapultadas para a ribalta, como base para o autocuidado, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.

Por esta altura, poderá questionar-se por que razão deve este tema ser abordado num blogue de turismo. Bem, é simples! Viajar é simultaneamente uma necessidade material, sedeada nos primórdios do nomadismo humano, e uma experiência transformativa, que se amplifica na medida da diferença entre a envolvente natal e a realidade visitada. Naturalmente que a experiência transformativa pode ser mais ou menos consciente, sendo a transformação pessoal um objetivo vincado de um nicho de mercado que alguns autores designam de viajantes espirituais.

Os viajantes espirituais, naquilo que me parece ser um saboroso paradoxo, viajam por milhares de quilómetros para alcançar o seu cerne, a iluminação ou a autorrealização. Constate-se, pois, que nessa ótica, o destino deixa de ser apenas um lugar e passa a um estado do ser. Viajar não é mais e somente ver e partilhar paisagens e monumentos nas redes sociais. É contemplar. É sentir. É aprender com abertura. É conhecer o outro e a sua realidade, para se entender a si mesmo.

O viajante espiritual procura paz, tranquilidade, reconexão consigo, por vezes isolamento, e sublinha a importância de o destino espiritual se situar num ambiente natural, pela crença enraizada que, assim, consegue amplificar a experiência de introspeção. A necessidade de escape é motivada, sobretudo, por pressão laboral, fraco equilíbrio vida privada-trabalho, morbilidades mentais e melancolia, curiosidade e sentimento de desarmonia. Na sua motivação há um distanciamento consciente do prazer redutor de Freud e procura ativa pelo sentido de Frankl.

No destino envolve-se em atividades de natureza, experiências imersivas com os locais, momentos de autoindulgência, práticas de bem-estar, voluntariado, atividades assistidas e, em alguns casos mesmo, atividades relacionadas com religião.

Nas atividades de natureza, como caminhadas num cenário natural que se quer idílico, contemplação de cursos e massas de água, cascatas e mar, retorna à origem, retempera energia e abranda. Em atividades assistidas, como sendo momentos com gurus espirituais, bebe do conhecimento e envolve-se com pessoas com o mesmo estado de espírito. Nos momentos de indulgência permite-se perder em solidão numa ociosidade sem planos ou conexão autêntica com os locais, através da gastronomia e cultura na primeira pessoa e até mesmo desportos de aventura, desafiando a rotina diária que deixou em suspenso. Uma grande parte dos viajantes espirituais manifesta, também, uma necessidade de ajudar o próximo nos destinos que visita, alimentado pelo desejo de uma vida com significado, na entrega altruísta ao outro. Almeja igualmente por práticas que equilibram corpo-mente-espírito como ioga, meditação, técnicas de respiração consciente, jejum intermitente, dietas detox, grounding e até mesmo sessões de autodescoberta com recurso a plantas psicadélicas, como sendo ayahuasca e ibogaína. Por fim, há uma parte destes visitantes que se envolve em práticas religiosas locais, como sendo visita a templos e peregrinações, mesmo não partilhando ativamente do credo associado. Fá-lo, sobretudo, pela base espiritual secular que une todos os credos.

É inegável que os viajantes espirituais são um grupo muito interessante de pessoas que pode, simultaneamente, contribuir para o desenvolvimento económico e social do destino que visitam. Desenvolvimento económico, pois apostam muito no seu crescimento pessoal e são capazes de despender montantes avultados, já que entendem a experiência como um investimento em si mesmos, com um retorno potencial muito aliciante. Desenvolvimento social, visto que contribuem para as comunidades locais com o seu voluntariado e intercâmbio de ideais holísticos, o que facilita a expansão dos horizontes das verdades locais.

Não é de espantar, portanto, que as paisagens exuberantes dos Açores: florestas, vulcões, ribeiras e suas cascatas, lagoas, costa acidentada e mar ofereçam um contexto quase prístino e ideal para este viajante espiritual. A combinação do “verde-vida”, com o calor do interior da terra, materializado nas fumarolas e fontes termais, e o mar – útero primordial da existência – associada a gentes hospitaleiras, permite-nos, Açores e açorianos, assumir o papel de bússola metafísica que norteia o objetivo de reconexão, transformação e cura destes viajantes.

Dada a essência deste grupo de pessoas, não é crucial para a sua jornada espiritual, se a paisagem ou monumento estão envoltos em nevoeiro, fustigados por tempestades ou banhados por um céu limpo. Importa sim a ligação genuína e o salto de consciência que os Açores, enquanto experiência holística, potencia.

Existe, assim, para satisfazer este segmento, uma significativa oportunidade de inovação e empreendedorismo, em particular, para microempreendores, pela valorização da experiência intimista por oposição à de massas, como por exemplo pequenos alojamentos locais, terapeutas de medicinas complementares, operadores turísticos e restaurantes que oferecem dietas alternativas.

Numa breve pesquisa, no Google Trends, verifica-se que a procura deste segmento se manteve nos últimos anos, com uma pequena quebra apenas no início da pandemia. O seu interesse não parece também obedecer a sazonalidade. Constata-se que alguns dos mercados prioritários descritos no Plano Estratégico e de Marketing do Turismo dos Açores – 2030 (PEMTA 2030) fazem parte do top 10 de países que mais pesquisa sobre o tema. E é curioso verificar que, apesar dos Açores já terem ultrapassado Bali enquanto melhores ilhas para visitar, num estudo da Big 7 Travel de 2019, este último destino continue a crescer desmesuradamente nos tópicos relacionados com retiros espirituais, ao contrário dos Açores.  

Os Açores, por alguns considerados os cumes da afundada Atlântida, proporcionam uma inquestionável experiência de bem-estar completa, cuja procura específica poderá provir de mercados prioritários de grande dimensão, sendo o wellbeing (e muito bem) um dos produtos complementares definidos no PEMTA 2030. O segmento consumidor deste produto tem ainda o potencial de combater a sazonalidade e as assimetrias entre as ilhas de maior e menor dimensão.

A oferta, porém, acompanha a procura de forma tímida. Por um lado, porque se trata de um nicho e, por outro, porque a notoriedade do destino Açores não se associa diretamente ao bem-estar espiritual, podendo, por isso, ser realizado algum esforço promocional nesse sentido. Em alguns círculos, tornaram-se habituais os retiros de ioga e meditação, retiros multidisciplinares, práticas xamânicas e começam a dar os primeiros passos outros produtos como Shirin Yoku (banhos de floresta), grounding, presença de gurus (hindus, por exemplo) e retiros com recurso a plantas psicadélicas. A propósito do último, já existem, pelo menos, retiros pontuais com recurso a ibogaína nas ilhas de S. Miguel e Pico, que tem como mercado alvo os Estados Unidos. No entanto, é importante ressalvar que decorrem de forma muito fechada, devido ao preconceito e enquadramento regulamentar complexo da utilização deste tipo de plantas.

Apesar da oferta existente e emergente, existe ainda muito espaço para inovar. Podem ser combinadas na forma de retiros, que permitam práticas espirituais de grupo no seio da natureza, com gastronomia apropriada ou adaptada, mas também facilitem o isolamento ocioso e a imersão e intercâmbio local, para uma melhor experiência de transmutação.

Os pequenos negócios podem como tal, considerar diversificar a sua oferta ou até mesmo especializar-se neste curioso segmento que é respeitador e aberto ao mundo, interessado e interessante, imune às idiossincrasias climáticas da região, apreciador da interação genuína, mas também introspeção, ecocêntrico e que investe muito na harmonia corpo-mente-espírito como base da sua felicidade.

A Sustentável Leveza de Ser Açores

Sofia Almeida

Será muito difícil viajarmos até uma das ilhas do arquipélago dos Açores e não ficarmos imediatamente apaixonados. Apaixonados pelas paisagens, pelas pessoas, pela comida, pela natureza. A última periga. Quando se olha para os Açores, enquanto destino turístico, sem compreender as suas idiossincrasias, corremos o risco de aplicar mais uma fórmula infalível e eficaz na promoção de destinos, a título de exemplo: vender os Açores em regime de all inclusive ou como se fosse um destino para massas. Os Açores são por excelência um destino de Natureza. Tudo deve ser comunicado em função dessas caraterísticas, de forma que todos possam conhecer e sentir este destino, sem colocar em causa a sua fauna, a sua flora e já agora, as suas pessoas.

Se por esse mundo a fora se fala de sustentabilidade, em locais como os Açores essa necessidade é premente. Torna-se crítico que o Turismo cresça, mas de forma equilibrada, respeitando as pessoas, a vida local, os recursos disponíveis. As empresas e os empresários enfrentam, no entanto, vários desafios aquando da aplicabilidade de políticas sustentáveis, entre eles, a medição e a elaboração de relatórios de emissões. As empresas não sabem o que medir e é por isso importante determinar quais as emissões a serem incluídas e possuir as capacidades técnicas necessárias para medir e relatar as emissões com precisão e consistência. Outro desafio tem a ver com as incertezas do planeamento, fruto de um setor fragmentado e de um ambiente regulatório dinâmico. O financiamento é outra questão a ser tida em conta. As empresas enfrentam o desafio de alocar o seu orçamento interno aos objetivos relacionados com as práticas sustentáveis. A dependência de infraestrutura local tem um impacto profundo nos negócios do setor do Turismo, pois a sua capacidade de alcançar a descarbonização é frequentemente limitada pelas capacidades da infraestrutura local de energia e resíduos, alternativas de transporte, desempenho de sustentabilidade nos edifícios existentes, entre outros.

Mas na verdade, o maior desafio que todos os seres humanos que habitam o Planeta Terra têm é o Dia de Sobrecarga da Terra. Este ano, a data foi comemorada no dia 2 de agosto. Um dia triste para todos. É o dia em que a procura da humanidade por recursos naturais supera a capacidade do planeta de produzir ou renovar esses recursos num ciclo de 365 dias.

Não obstante, as boas notícias é que existem vários programas nacionais e internacionais e organizações que apoiam, reconhecem e premeiam projetos sustentáveis e boas práticas de negócios, no maravilhoso mundo da hospitalidade.

Portanto, a desculpa do desconhecimento deixa de fazer sentido a partir desta linha.

O International Tourism Partnership é um programa do Fórum Internacional de Líderes Empresariais do Príncipe de Gales que criou diretrizes para a localização, construção e projetos sustentáveis de hotéis. Estas diretrizes visam auxiliar os promotores hoteleiros, proprietários e planeadores para criar empreendimentos hoteleiros sustentáveis e a compreender os efeitos das suas decisões, no longo prazo.

Na Suíça, o Selo Ibex, é desenvolvido pela Associação para a Economia, Ecologia e Sociedade. Os principais critérios incluem a gestão básica da qualidade, atendimento sobre a legislação ambiental e partilha de informação sobre a estrutura e o consumo de recursos. Na Costa Rica, o Instituto Costarriquenho de Turismo criou o Certificado em Turismo Sustentável, que ‘categoriza e certifica cada empresa de turismo de acordo com o grau em que cumpre um modelo de sustentabilidade’. O último dos exemplos é a Associação Internacional de Hotéis e Restaurantes (IH&RA) que criou os Prémios Ambientais anuais, em associação com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Mas na prática, temos que ser inspirados por outros. Temos que estar cientes que existem casos de sucesso. Temos que saber que existem outras ilhas que têm vindo a estudar formas de serem mais sustentáveis e, ainda assim, se manterem como destinos atrativos. Temos que aprender a aplicar as boas práticas e para tal apresenta-se de seguida três estudos de caso de sucesso. O primeiro é o Intercontinental Bora Bora, da IHG Hotels & Resorts que introduziu uma tecnologia inovadora nas suas operações, que oferece o benefício duplo de reduzir a pegada de carbono. Em vez de usar combustível importado e caro para alimentar as suas unidades de ar condicionado, a propriedade usa a água do mar do oceano profundo, como fonte alternativa de resfriamento. A tecnologia utiliza o ambiente natural. A água do mar é bombeada através de um tubo de 2.400 metros até o Intercontinental Bora Bora.  A partir daí, a água do mar fria encontra uma unidade de troca térmica feita de titânio, que funciona efetivamente como um grande radiador – transferindo a temperatura fria da água do mar para o circuito de água doce que é transportado por todo o hotel. Este circuito alimenta as unidades de ar condicionado das 80 vilas e zonas comuns da propriedade, bem como as unidades de refrigeração das cozinhas do hotel.

O segundo estudo de caso, é o Frègate Island. Este ecossistema único requer a existência de uma gestão cuidadosa da Equipe de Conservação e Sustentabilidade. Conservacionistas de todo o mundo saem todos os dias para a selva ou para o mar, para patrulhar as praias e verificar os ninhos de pássaros, seguindo a sua paixão em salvaguardar e promover o patrimônio ambiental da Ilha Frègate e sua vida selvagem, flora e fauna, bem como a biodiversidade marinha. Esta equipe protege todos os dias as tartarugas marinhas, os pássaros, a flora indígena, a vida marinha e a restauração de corais. Nesta unidade hoteleira, a sustentabilidade é um processo contínuo que prospera continuamente com um grande esforço, através de várias atividades, nomeadamente o aquecimento solar de água, os carrinhos de golfe elétricos, as amenidades recarregáveis e as garrafas de vidro reutilizáveis para água potável. Palhinhas e garrafas de plástico foram substituídas há muito tempo. O limite da capacidade de carga desta ilha é 40 pessoas.

Por fim, o último exemplo apresenta o Grupo HBD. Um grupo hoteleiro com um projeto maravilhoso em São Tomé e Príncipe, um dos sítios mais pobres do mundo, porquanto dos mais belos. A estratégia do grupo ultrapassa a implementação de boas práticas, pretendendo criar um conceito para o destino. O grupo trabalha com as empresas locais, com outros investidores, com as pessoas e ajuda no crescimento de um povo que hoje sobrevive à dependência excessiva do cacau. O grupo HBD investiga sobre a utilização de recursos locais e a sua potenciação. Incentiva a verdadeira reciclagem (muito do artesanato vendido é feito a partir de peças que alguém deitou fora). O trabalho dos artesãos faz parte das experiências locais vendidas aos turistas, que se deixam encantar. Incentiva-se a pesca controlada, que dá emprego a tanta gente, e ao mesmo tempo garante que os turistas provem os melhores peixes da região. A construção usada na ilha do Príncipe é selecionada de acordo com os seus impactos e incentiva-se uma agricultura sustentável.

A sustentabilidade é uma filosofia e estar localizado numa ilha é uma oportunidade tremenda (pois existe, efetivamente, uma maior ligação entre o destino e o hotel). Os hóspedes são cada vez mais sensíveis a experiências sustentáveis e isso reflete-se nos relatórios que mostram que a preocupação com o ambiente já é um critério no processo de reserva. O que indica que no curto prazo, as preocupações sustentáveis serão cada vez mais um requisito chave na hora de reservar um alojamento.

Mas na verdade, o maior desafio de todos é garantirmos um Planeta saudável para viver! E desta forma, os Açores serão sempre os Açores!

A importância do marketing digital no turismo

Carlos Farinha

Ao longo do tempo o turismo tem vindo a adaptar-se ao desenvolvimento social e tecnológico. Esta é uma das indústrias mais dinâmicas e encontra-se em constante evolução, pelo que a era digital veio obrigar a novas adaptações, trazendo mudanças significativas ao setor. Atendendo à enorme quantidade de viagens que acontecem a cada momento, qualquer pequena alteração tem o potencial de gerar um grande impacto na sociedade. No âmbito das tecnologias que servem o turismo, o marketing digital em particular desempenha um papel crucial, trazendo uma série de benefícios tanto para os clientes como para as empresas. É por isso premente entendermos de que modo esta transformação está a moldar a forma como viajamos e como as empresas operam neste contexto.

Benefícios para os clientes

Para os clientes, o marketing digital veio abrir portas a uma série de novas possibilidades, conferindo-lhes acesso a informações outrora inacessíveis. Antes de uma viagem, os viajantes podem agora explorar destinos, hotéis, restaurantes e atividades a partir do conforto das suas casas. Esta pré-visualização virtual permite um planeamento mais preciso e personalizado das suas férias, garantindo que as expectativas se alinhem com a realidade e possibilitando múltiplas comparações em função do orçamento disponível. As redes sociais, blogs de viagens e outros criadores de conteúdos desempenham um papel determinante em todas as etapas da jornada do consumidor. Avaliações e recomendações de outros viajantes são agora facilmente acessíveis, oferecendo uma antevisão mais genuína das experiências.

Atualmente os utilizadores têm acesso a mais opções, podem aceder ao feedback genuíno de muitos outros viajantes e, se pretenderem, conseguem concretizar as suas reservas de forma mais cómoda e autónoma. As reservas de voos, alojamento e atividades tornaram-se mais simples e eficientes, podendo ser realizadas a todo o momento e em qualquer lugar através de um smartphone, poupando tempo precioso antes e durante as viagens.

Utilidade do ponto de vista das empresas

Os benefícios do marketing digital para as empresas do setor do turismo são evidentes, permitindo-lhes, no limite, alcançar e atrair qualquer público à escala global. A gestão da presença online é, de facto, um requisito imprescindível para qualquer negócio que deseje prosperar na atualidade, particularmente para aqueles que operam nesta indústria.

Surgem, neste contexto, novos canais de distribuição, bem como parceiros digitais através dos quais se pode chegar a novas audiências. Os negócios podem tirar partido das atuais ferramentas de publicidade que permitem segmentar criteriosamente os esforços de publicidade. Particularmente no que confere a parcerias, destaca-se o recurso a influenciadores digitais para alcançar novas audiências, e também a afiliados que permitem angariar tráfego e leads qualificados, bem como aumentar conversões.

No que diz respeito a campanhas de publicidade, as empresas podem assim fazer investimentos mais eficientes, em função dos seus objetivos estratégicos, monitorizar e intervir nas suas campanhas de forma imediata, bem como fazer uma melhor e mais eficaz avaliação do retorno sobre investimento.

A personalização é também uma importante vantagem para as empresas. Os algoritmos podem analisar o comportamento dos utilizadores e oferecer recomendações personalizadas, desde destinos de viagem até experiências locais, customizando ao máximo a oferta. Isso não só melhora a satisfação do cliente, como aumenta o valor das vendas e a fidelização.

Há evidência de que o uso da tecnologia, incluindo plataformas de social media e outras, afeta o comportamento dos viajantes, sendo que a pandemia de COVID-19 veio intensificar a importância de as empresas ligadas ao turismo comunicarem adequadamente através dos canais digitais. Há que destacar que as avaliações online têm se tornado cada vez mais importantes, afetando a forma como os negócios e os destinos são percebidos por potenciais visitantes. Os clientes adquiriram um papel de cocriação nas experiências e na imagem das empresas, algo que as organizações não podem ignorar. Também esta realidade deve ser vista como uma oportunidade para conhecer a verdadeira perceção dos clientes, detetando necessidades de melhoria nos processos.

Smart Tourism e Sustentabilidade

O conceito de Smart Tourism está intrinsecamente relacionado com o uso da tecnologia para melhorar a experiência dos turistas e, simultaneamente, garantir a sustentabilidade das regiões. Tecnologias relacionadas com sensores e análise de dados podem, por exemplo, ajudar a gerir o fluxo de visitantes, prevenindo a sobrelotação e minimizando o impacto ambiental. Esta abordagem não só melhora a qualidade da experiência turística, como também protege os recursos naturais das regiões.

De um modo geral, os gestores da área do turismo devem procurar obter mais conhecimento acerca do comportamento dos visitantes para suportar o seu planeamento estratégico. As Tecnologias da Informação e Comunicação potenciam o desenvolvimento de novas ferramentas e oportunidades para esta indústria, atendendo também à enorme quantidade de dados produzidos a cada instante. Estas tecnologias favorecem a inteligência turística, permitindo acrescentar valor às experiências dos viajantes, promovendo o aumento da eficiência e a automatização de processos.

O turismo sustentável é aquele que utiliza de forma adequada os recursos naturais, preserva a autenticidade cultural das comunidades locais e garante que as atividades económicas sejam viáveis a longo prazo. Isto depende de uma participação informada de todos os stakeholders, da contínua avaliação dos impactos, bem como da manutenção de um alto nível de satisfação dos visitantes e dos residentes. Ora, a tecnologia em geral e as ferramentas de marketing digital em particular, se bem utilizadas, deverão contribuir fortemente para satisfazer estes propósitos. Requer-se, para isso, que os diversos agentes atuem com uma visão de longo prazo, mantendo o foco não só na sustentabilidade dos seus negócios, como no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em prol de uma sociedade melhor para todos e criando valor nas suas comunidades.

Evolução do paradigma no turismo: Tecnologia e humanização

O conceito de Turismo 4.0 surgiu como um novo paradigma catalisador de inovação em toda esta indústria, o que pode passar por tecnologias e conceitos como internet of things, big data, blockchain, inteligência artificial, realidade virtual e aumentada. Este paradigma obriga a que se entenda quem é efetivamente o consumidor neste novo contexto e qual o papel do marketing nesta transformação.

É já abordado o conceito de Turismo 5.0, que vem reforçar o foco na pessoa como sendo o elemento mais determinante do desenvolvimento turístico. Trata-se de uma abordagem que visa salvaguardar a qualidade de vida e o bem-estar social, numa lógica de sustentabilidade integrada com a tecnologia, na expetativa de que o turismo possa ser um veículo de desenvolvimento humano. Apesar da importância deste paradigma e do seu papel determinante nas mudanças na indústria do turismo é ainda escassa a investigação desenvolvida. De qualquer modo, é inevitável que se evolua para um paradigma fortemente suportado na tecnologia, mas totalmente focado no ser humano.

O potencial da Inteligência Artificial e do Metaverso

A Inteligência Artificial (IA) tem um potencial revolucionador no setor do turismo. Ferramentas como chatbots, assistentes virtuais e análise de dados são apenas alguns exemplos de como a IA está a complementar e a melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. Entre outros benefícios, os clientes podem obter apoio 24 horas por dia e as empresas podem otimizar as suas operações de forma contínua e eficiente. Ferramentas suportadas em IA, como o ChatGPT, Bard e outras, estão agora acessíveis a qualquer utilizador, começando a fazer parte do dia-a-dia de muitos e colaborando nas mais diversas tarefas, incluindo no planeamento de viagens.

No contexto das tecnologias emergentes, tem-se especulado sobre se o metaverso terá potencial para afetar os setores associados ao turismo. A investigação sobre este tema é ainda precoce, mas surgem indícios de que o metaverso traz efetivamente oportunidades e benefícios potenciais para o setor. Poderá, por exemplo, esta realidade servir como teaser para aumentar o interesse de potenciais viajantes? Poderá servir como experiência substituta ou complementar para aqueles que, por qualquer motivo, não possam viajar? Em todo o caso, para que tenha viabilidade, é necessário que esta tecnologia possa ficar acessível a mais utilizadores.

O caso dos Açores

Os Açores, enquanto destino turístico insular e região ultraperiférica composta por nove ilhas, devem beneficiar particularmente da tecnologia enquanto fator de aproximação interna e externa. A tecnologia coloca a região acessível a novos e vastos mercados, permitindo alcançar e impactar audiências diversas e que se interessem por tudo aquilo que a região pode oferecer.

Veja-se, a este propósito, o atual Plano Estratégico e de Marketing para o Turismo dos Açores, que reconhece a importância dos fatores tecnológicos a todos os níveis. O plano determina que a estratégia de comunicação dos Açores se suporte primordialmente na aplicação das Tecnologias de Informação e Comunicação. Este plano vem reiterar a importância do Marketing Digital, considerando particularmente relevante intervir na comunicação do destino através de estratégias como marketing de conteúdo, gestão do portal oficial VisitAzores.com, marketing nas redes sociais, email marketing, publicidade online, bem como a adequada monitorização.

A tecnologia pode ainda contribuir para uma melhor gestão da procura e do fluxo de turistas, atenuando a sazonalidade e distribuindo a procura pelas várias ilhas de uma forma ponderada.

Ameaça ou oportunidade para os profissionais?

Apesar de todas as vantagens da tecnologia, não se crê que esta venha a substituir o papel dos profissionais no turismo. Pelo contrário, permitirá que estes se concentrem no que fazem de melhor: proporcionar experiências únicas aos visitantes. A tecnologia pode automatizar tarefas, mas é o envolvimento, o conhecimento local e a hospitalidade que verdadeiramente diferenciam a oferta e acrescentam valor à experiência. Mesmo as empresas que se distinguem pela sua componente tecnológica deverão procurar disponibilizar canais que satisfaçam as preferências daqueles que privilegiam o contacto pessoal, proporcionando um nível de serviço que cumpra as expetativas dos seus clientes independentemente dos pontos de contacto que estes escolham.

É inegável que o marketing digital e a tecnologia estão a transformar o turismo, trazendo benefícios para todas as partes interessadas. A tecnologia é uma aliada valiosa, mas não substitui o fator humano e a autenticidade que só os profissionais podem proporcionar. Esta transformação deve, portanto, ser vista como uma fonte de oportunidades para aqueles que viajam, para as empresas, para os investigadores e para os responsáveis pela gestão dos destinos turísticos.  Aqueles que operam nos setores associados ao turismo devem, por isso, reconhecer e participar ativamente nesta nova realidade, caso pretendam adquirir e manter uma vantagem competitiva sustentável face a destinos concorrentes.

Deste modo, será seguro afirmar que aqueles que ignorarem a tecnologia poderão efetivamente vir a ser substituídos, não por máquinas, mas por outros humanos que reconheçam e saibam integrar o valor que a tecnologia pode acrescentar à sua oferta.

A inovação em turismo e o papel do NONAGON

A indústria do turismo tem experimentado uma rápida evolução nos últimos anos, com mudanças significativas impulsionadas pela tecnologia e pela mudança nas preferências dos viajantes. Nesse cenário em constante transformação, a inovação desempenha um papel fundamental para que o setor possa enfrentar os desafios e aproveitar novas oportunidades.

O NONAGON, enquanto Parque de Ciência e Tecnologia, é um instrumento de alavancagem de desenvolvimento regional que tem como missão apoiar a inovação empresarial mantendo, por isso, uma atividade de vigília no que concerne às tendências globais de inovação que possam impactar a comunidade de empresas locais que está dentro do seu radar de interferência. Da sua atividade destaca-se o apoio a empreendedores e start-ups na procura de soluções inovadoras e disruptivas em várias áreas, incluindo o turismo.

Consciente da importância do turismo para a economia local, o NONAGON assumiu a liderança na implementação do primeiro Polo de Inovação Digital o AzoresDIH – Azores Digital Innovation Hub que vai funcionar como um balcão único para a transformação digital, particularmente no setor do Turismo Sustentável em Ilhas.

Este Hub de inovação promoverá a colaboração entre empresas, start-ups, instituições de investigação e entidades governamentais, criando um ecossistema propício para o desenvolvimento de soluções digitais inovadoras no turismo tendo como base a inovação para criar diferenciação competitiva. Esta inovação no turismo pode assumir diversas formas, desde a adoção de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, análise de dados, realidade virtual, blockchain, entre outras, até a incorporação de práticas sustentáveis e a criação de novos modelos de negócio que respondam às necessidades do viajante moderno.

O AzoresDIH vai apoiar as empresas da Região nos seus processos de inovação através da utilização de tecnologias digitais pelo que providenciará competências tecnológicas, equipamentos e infraestruturas de experimentação, com a finalidade de impulsionar a crescente transformação digital na atividade económica. Este Pólo reunirá competências que o permitirão atuar sobretudo nos domínios da inteligência artificial, cibersegurança, competências digitais avançadas e computação de alto desempenho.

Para além de trabalhar estas competências digitais, o AzoresDIH irá proporcionar uma série de serviços valiosos para o ecossistema local, especialmente para as PME e start-ups. Entre os serviços disponibilizados destacam-se:

– Formação Prática, Consultoria e Acesso a Espaços de Incubação: Será facultada consultoria especializada em gestão da inovação e novas tecnologias, capacitando as empresas a adotarem soluções inovadoras. Além disso, irá facilitar o acesso a espaços de incubação para apoio ao desenvolvimento de novas ideias e projetos;

– Desenvolvimento e Teste de Protótipos em Ambiente Real: Serão oferecidas condições para que protótipos sejam desenvolvidos, validados, demonstrados e testados em ambiente real, permitindo que as ideias sejam transformadas em produtos ou serviços tangíveis;

– Interação e Relacionamento com o Ecossistema de Inovação dos Açores e além Fronteiras: Será facilitada a interação e relacionamento entre empresas locais, instituições académicas, entidades públicas e a rede europeia de DIHs, fomentando o intercâmbio de conhecimento e oportunidades de colaboração;

– Avaliação do Nível de Digitalização das Empresas: Serão proporcionados mecanismos para avaliar o nível de digitalização das empresas, possibilitando o conhecimento do seu grau de inovação tecnológica e auxiliando na identificação de oportunidades de melhoria;

– Acesso a Ferramentas de Investigação Colaborativa em Projetos Nacionais e Internacionais: Será proporcionado o acesso a ferramentas de investigação colaborativa em projetos tanto a nível nacional quanto internacional, permitindo que as empresas participem de iniciativas inovadoras e de alcance global.

A criatividade e a inovação são pilares essenciais para o crescimento competitivo e sustentável do setor de turismo. E, neste sentido, o NONAGON, dará o seu contributo impulsionando as valências e objetivos definidos para o projeto AzoresDIH – Azores Digital Innovation Hub.

Working in Tourism: A Talk with Pedro Nunes

On March 29th, Pedro Nunes, a tour guide passionate about his profession, came to our English IV class to talk about his work experiences in the field of tourism, namely as a former flight attendant in the UK and Italy, as a current AirBnb host and as a tour guide in the Azores. Through this interesting and captivating talk, we gained insight into these different work experiences and were able to ask questions to our guest speaker.

Pedro first told us about his time working for EasyJet, first in the UK and then in Italy, where he noticed several differences between working in the two different countries. We learned that customer service standards and wages as a flight attendat are higher in Italy than in the UK; and this profession is better perceived in Italy. He enjoyed working as a flight attendant in Italy as he was able to meet a lot of different people, he learned Italian in one year, and was exposed to the different accents and dialects of the country. Working for an airline gave him different opportunities and allowed him to acquire a variety of skills that he was able to use in his current positions. He learned how to be able to deal with different people, particularly in a closed-space, where people tend to act and behave differently. Working as a flight attendant also allowed him to learn how to work under pressure. His language skills improved as well as he could now speak fluent Italian, English, Spanish, and Portuguese. Pedro also learned how to deal with emergency situations. He told us about an emergency landing due to smoke in the aircraft, where he was able to maintain his calm and give support to his colleagues while maintaining passengers safe and calm.

Despite the advantages of working as a flight attendant, it can also be a stressful job. Pedro wanted a change, he wanted a different environment and pace of life, and took a leave from work. He started looking for an island to live with his wife. They looked at the Canary Islands, Greece, and the Italian Islands, but they fell in love with the Azores. The Azores allowed Pedro to be out in nature and not trapped inside an aircraft. Pedro spoke fluent Italian, he was great with people and Azorean travel agencies needed someone who could lead Italian tour groups. Pedro was the perfect person for the job. One of the reasons why working as a tour guide appealed to him so much was his desire to have a more interactive job, where he would be able to interact and actually talk to people, which was a bit restrictive as a flight attendant. He enjoyed being a tour guide so much that he decided to completely quit his job as a flight attendant and move permanently to the Azores.

Pedro spoke wonders of being a tour guide in the Azores. One of the fantastic things about being a tour guide, Pedro said, is visiting different places around the island, and although they are the same place, the experience is always different given the different tourists and their reactions, and the beauty of the places at different times of the day and season. He has also learned quite a lot. He has had to guide groups of geologists and volcanologists, and although he is not an expert in the field, he has been able to learn a lot from his groups and acquire plenty of knowledge. Pedro also acquired a certificate as a nature tour guide to be able to guide tourists on hikes around the island. He told us how he enjoys the flexibility of being a tour guide as he is able to choose when he wants to work. He also travels to other islands in the Azores guiding groups. As far as skills are concerned, Pedro mentioned that we have to be real, honest and proactive. We should always be prepared for anything and everything. He encouraged us to learn other languages, especially German and Italian as these are very desired languages and hardly anyone speaks them here. Other skills he recommends are organizational skills and people skills. For example, depending on the groups´ characteristics, he is able to organize them according to their age and physical abilities. He also takes the time and effort to get to know the people in his group-their likes and dislikes and their personalities. This helps him better prepare the tours and activities and to know how to deal with the different people.

Besides being a tour guide, Pedro owns an AirBnB and he is quite able to manage the two positions and have a comfortable work-life balance. When talking about the future of tourism in the Azores, Pedro recommends encouraging tourists to visit all the islands, especially throughout the year to avoid seasonality. He hopes  the Azores will not become a victim of mass tourism spot and lose its authenticity and traditions. Overall, Pedro´s overarching message to us was that no matter when or how, we will eventually find what we are looking for in a job, what we truly enjoy. Our guest speaker seemed truly happy doing what he does and he showed that to us through his enthusiasm and energy. We might have a job that we do not quite like in the beginning but eventually the right job will appear. A future in tourism is bright and there are many exciting opportunities out there! We just have to find our “right” one.

2nd Year Tourism Students

Destinos Turísticos Inteligentes e Participação Cidadã

Daniela Ferreira Flores Longato

Neste artigo de opinião, gostaria de compartilhar minha pesquisa sobre Destinos Turísticos Inteligentes (DTI), tema da minha tese de doutorado. Estou muito feliz em participar, com este texto, neste projeto. Sou Daniela Flores, brasileira e apaixonada pelo Turismo. Minha formação básica passa pela Arquitetura, Administração e Hotelaria, mas em meus estudos conecto minha formação com o Turismo, Hospitalidade e Sustentabilidade.

O que me chamou a atenção sobre DTI, inicialmente, foi a união de vários atores para discussão sobre destino turístico, uma vez que um dos seus pilares é a governança. Então, a gestão pública estaria unida com a academia, os empreendedores, os moradores e até o turista, para definir planos para o território turístico. Outro aspecto, foi a união de temas coligados com toda minha formação como acessibilidade e sustentabilidade, além da governança, inovação e tecnologia, trazendo a gestão para o centro dos destinos turísticos. Isso tudo me interessou.

Vi, desta forma, a possibilidade de unir toda minha formação e experiência em uma pesquisa. Pensar que o morador e o turista poderiam ser ouvidos para que soluções para o Turismo fossem criadas, me fizeram pesquisar mais sobre o assunto. A partir de análise empírica, percebi que morador e turista participam passivamente em DTI, e não ativamente. E daí surgiu um gap de pesquisa: pensar em como a participação do cidadão poderia contribuir para que um destino pudesse ser mais bem gerido. A escolha de fazer a pesquisa em Destinos Turísticos Inteligentes veio da compreensão que estes destinos já estão melhor preparados para isso. E ligar essa participação cidadã ao território, me levou ao conceito de placemaking.

O construto placemaking contribuiu para a tese, pois é um conceito que aborda a construção de espaços públicos, coletivamente, portanto há uma grande participação cidadã. Também trabalha o território, local onde efetivamente o Turismo acontece. Daí surgiu a ideia de trabalhar essa lacuna de pesquisa, unindo DTI e placemaking. Foi assim que construí, ao final da tese, um Plano de Destino Turístico Inteligente Participativo.

A escolha do lócus da pesquisa foi apenas uma consequência. O destino turístico que foi o primeiro a ser certificado como DTI, no mundo, Benidorm, localizado no município da Comunidade Valenciana, na Espanha, e que tem estudos avançados em DTI, seja no território ou na tecnologia, foi o destino escolhido.

A proposta da tese foi confirmar que em Benidorm havia possibilidade de ações de placemaking, participação cidadã e processos de governança, e comprovando essas possibilidades, foi desenhado um Plano de DTI Participativo. Este plano permite que o cidadão não só opine, mas participe da gestão de propostas para o destino, além de possibilitar que o turista integre este processo ativamente. Isso gera mais qualidade de vida ao morador e melhores experiências ao turista. Ressalto que o Plano de DTI Participativo pode ser aplicado a outros destinos, desde que este seja adequado às especificidades locais.

Este trabalho se mostra relevante por tratar de DTI, a partir do território, e com um olhar diferenciado para a governança destes destinos, tendo a participação do cidadão como um ponto importante de discussão da cidade como destino turístico inteligente. E assim, se demonstra que para além da tecnologia, DTI precisa ter a governança como centro, pois assim aspectos tecnológicos se unem aos aspectos do território, e aos moradores e turistas, propiciando uma melhor governança do destino.

Encerro minha participação deixando uma provocação a todos. Pensem como um DTI pode ser mais inteligente, envolvendo mais as pessoas e o território para que sua governança possa ser destaque, e melhorando a atratividade do destino, a qualidade de vida do morador e a experiência do turista.

Daniela Ferreira Flores Longato

Aos estudantes de turismo

Rita de Sousa Pereira

Começo este artigo por partilhar a grande honra que é poder participar neste projeto e contribuir com o seu primeiro artigo de opinião. Este blog é mais um passo para a dinamização da área científica de turismo na Universidade dos Açores (UAc), a partilha de informação e maior contacto entre stakeholders e alunos. Neste artigo, reflito sobre a necessidade de enaltecer os estudantes de turismo.

Escolhemos estudar turismo por várias razões, uns porque adoram viajar, outros porque têm interesse pela hotelaria, alguns com a consideração do setor estar em crescimento na região e ainda outros, assim como eu, que caíram na Licenciatura de paraquedas. 

Não obstante, durante o percurso académico, rapidamente percebemos que o turismo é mais complexo do que apenas viagens, deslocações e permanências. Compreendemos os seus desafios únicos, impactos extensos, a heterogeneidade de cada destino, as diferentes respostas para os seus problemas, os vários subsetores e a sua abrangência. 

Tendo em conta a sua extensão, a atividade turística pode ser estudada sob vários pontos de vista e em colaboração com outras áreas científicas, posto isto, estudar turismo torna-se, per si, um desafio. A complexidade do setor necessita que nós, enquanto profissionais da área, estejamos preparados para atuar em várias vertentes: desde as línguas, à gestão, a cultura e história, a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), o planeamento estratégico, a comunicação e marketing, entre outras. 

Com tamanha complexidade e polivalência, entristece-me a falta de valorização da Licenciatura. No mercado de trabalho na região, esta nem sempre foi reconhecida, restando aos estudantes de turismo menos oportunidades que outras licenciaturas em áreas afins. 

Ao longo dos anos, com o desenvolvimento do destino, novas necessidades e maior compreensão do seu valor económico, social e cultural, a área tem sido mais desenvolvida e a Licenciatura tem ganho maior destaque. A abertura de novos empreendimentos e a criação de projetos nos vários subsetores, expandem o leque de escolha e diversificam o mercado de trabalho, fator extremamente positivo. 

Polivalentes, resilientes e competentes, esta é a minha descrição dos estudantes de turismo. Perante um ensino desafiador, assente em várias áreas científicas, e um setor extenso em constante mudança e desenvolvimento, as expectativas são grandes. Atrevo-me a dizer que a carreira de um recém-licenciado em turismo nunca foi tão promissora. Visto como uma grande rede de produtos e serviços, o setor conecta as pessoas, não só os turistas com a comunidade local, mas também os seus profissionais. O networking é fundamental para desenvolver uma carreira de sucesso e é uma mais valia no nosso posicionamento no mercado de trabalho, sendo desta forma que muitas vezes surgem as oportunidades. Este blog é mais um propulsor desta conectividade e da valorização da Licenciatura em Turismo perante o mercado de trabalho. 

Finalizo, mas não sem antes expressar o meu reconhecimento e apreço pela professora Daniela Fantoni Alvares, pelo trabalho que tem vindo a desenvolver na UAc e o seu papel na conceção, desenvolvimento e lançamento deste projeto. Por trás de um ensino de turismo de qualidade e na formação de futuros profissionais, estão também professores proativos e dedicados. 

Rita de Sousa Pereira

Deixe um comentário

Deixe um comentário